ATA DA DÉCIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEXTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA NONA LEGISLATURA, EM 24.02.1988.

 

 

Aos vinte e quatro dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua décima Reunião Ordinária da Sexta Comissão Representativa da Nona Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Brochado da Rocha, Flávio Coulon, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz e Raul Casa, Titulares, e Adão Eliseu, Aranha Filho, Getúlio Brizola e Ignácio Neis, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum,” o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Flávio Coulon que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, a Sr.ª Secretária procedeu à leitura da Ata da Oitava Reunião Ordinária e da Ata Declaratória da Nona Reunião Ordinária que deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Isaac Ainhorn, 13 pedidos de Providências, solicitando trocas de lâmpadas queimadas na Rua Henrique Dias, em frente ao nºs 70 e 100, na Av. Osvaldo Aranha, com limpeza nas luminárias, em frente aos nºs 828, 910, 1120,1086, 1070 e 1240, em frente ao Auditório Araújo Vianna, ao Hospital Pronto Socorro, na esquina com as Ruas Gen. João Telles, Santo Antônio e Fernandes Vieira, recolocação de uma lâmpada de mercúrio na Rua Carijós, defronte aos nºs 81 e 91, capina em todo pátio da Creche dos Municipários Tio Barnabé, localizada na Rua Otto Ernest Meyer nº 59, limpeza de lixo ao lado da Creche Tio Barnabé e no beco que liga as Ruas Otto Ernest Meyer e Gen. Lima e Silva; pela Ver.ª Gladis Mantelli, 01 Pedido de Informações, acerca do prédio de nº 1610 da Av. Carlos Gomes, cujo proprietário não efetuou o devido recuo, quando do alargamento daquela avenida e se o mesmo foi notificado. Do EXPEDIENTE constaram; Ofícios nºs 73; 74; 83; 87/88, do Sr. Prefeito Municipal; 79/88, do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul; 29/88, do Tribunal de Contas da União; s/nº, do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul; 345/88, da Câmara Municipal de São João da Boa Vista/SP; Ofício-circular nº 01/88, da Câmara Municipal de Cachoeirinha/RS; 20/88, da Câmara Municipal de Rio Grande/RS; Cartão, do Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais; Telegrama do Sr. Luiz Matias Flach. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Isaac Ainhorn, acerca da dispensa da leitura de Pedidos de Providências que tratem do mesmo assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon criticou postura da Administração Alceu Collares, quando da apresentação de uma auto-análise, registrando pesquisa feita pelo Jornalista Flávio Dutra, do Jornal Zero Hora, quando foi ouvida a população sobre a Administração Municipal, congratulando-se com o referido jornalista pelo trabalho realizado. O Ver. Kenny Braga reportou-se ao pronunciamento de hoje, do Ver. Flávio Coulon, a respeito da pesquisa realizada pelo Jornalista Flávio Dutra do Jornal Zero Hora, sobre a atuação da Administração Municipal, dizendo que essa não reflete parte da realidade social de Porto Alegre. Salientou que o Pref. Alceu Collares não contou com os recursos necessários para fazer frente aos problemas da Cidade, nesses dois anos de Governo, analisando a questão. O Ver. Raul Casa comentou os pronunciamentos de hoje, do Ver. Flávio Coulon e Kenny Braga, acerca da pesquisa feita pelo Jornalista Flávio Dutra, do Jornal Zero Hora, sobre a atuação do Governo Municipal. Referiu-se à tragédia do Rio de Janeiro, observando que, em nossa Capital, o Morro da Polícia já está com o seu topo tomado pela erosão, destacando para a gravidade do fato. Solicitou providências dos órgãos competentes, no sentido de evitar que em nossa Cidade se criem condições semelhantes às do Rio de Janeiro. O Ver. Jorge Goularte cumprimentou o Sr. Deoclécio Galiberti, em visita a esta Casa. Discorreu sobre a pretendida emancipação do Bairro Belém Novo, ratificando sua posição favorável a esta. Observou que àquela emancipação deveria se somar também os Bairros da Restinga e da Lomba do Pinheiro, que teriam possibilidades de progresso, pois são dotadas de Distritos Industriais. O Ver. Hermes Dutra congratulou-se com a Empresa TERMOLAR, pela assistência técnica prestada a seus clientes, registrando a falta desse tipo de atendimento por parte de outras empresas no Estado. Fez alusão ao pronunciamento de hoje, do Ver. Kenny Braga, sobre a falta de recursos da Administração Municipal para fazer frente aos problemas da Cidade, dizendo que, conforme Pedido de Informações de sua autoria ao Executivo Municipal, este contou com a dotação necessária para levar a termo os primeiros anos de sua gestão, analisando o assunto. Os trabalhos estiveram suspensos por uma hora e vinte e nove minutos, nos termos do art. 84, II, do Regimento Interno, para recepcionar as Comissões de visitantes dos Bairros Humaitá e Rua Aracaju. Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às doze horas e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Luiz Braz e Aranha Filho, o último nos termos do § 3º do art. 11 do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Raul Casa, como Secretário “ad hoc”. Do que, Raul Casa Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado Da Rocha): Está com a palavra, em Comunicação de Líder, o Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Aproveitando a inédita presença de tantos Vereadores da Bancada do PDT, nesta Casa, depois de muito tempo onde não se via a Bancada presente, venho à tribuna para comentar a pesquisa publicada no jornal “Zero Hora” no domingo passado. Há questão de um ou dois meses atrás a Administração Alceu Collares fez um seminário onde se auto-avaliou e os resultados publicados no jornal mostravam que todo mundo se deu nota 10, com louvor e havia uma unanimidade na perfeição do seu trabalho. Todos os Secretários tinham as suas Secretarias funcionando maravilhosamente bem, todos os Departamentos  Municipais funcionando maravilhosamente bem, foi um congraçamento onde a Administração se deu nota 10 e saiu todo mundo satisfeito.

Eis que, no domingo passado, o IBOPE e Jorn. Flávio Dutra, da “Zero Hora” colocaram as coisas nos seus devidos lugares, por que ao invés de ouvirem os diretamente interessados, aqueles que foram lá no Seminário se auto-avaliar e se autopromover, eles tiveram a feliz idéia de ouvir a população da Cidade a respeito da Administração Alceu Collares e eis que para minha surpresa, já na segunda-feira o Prefeito Alceu Collares aparecia nas rádios, nas televisões, furioso com o resultado desta pesquisa. Pois eu pensei que o Prefeito Alceu Collares, na segunda-feira, ia propor um prêmio de honra ao mérito ao IBOPE e ao Jorn. Flávio Dutra, que de graça, deram para o Prefeito uma radiografia do seu governo. Mas isso eu gostaria que ele fizesse para o governo do Estado. eu gostaria que ele fizesse para o Pedro Simon que publicasse numa “Zero Hora” dominical uma radiografia do governo para saber como o governo está indo, como a população esta pensando, inclusive até porque é uma questão de estratégia eleitoral – o Prefeito Alceu Collares pode ver onde as coisas estão funcionando bem e  onde as coisas estão funcionando mal. Mas não, ele ficou furioso e meio mundo do governo do PDT ficou furioso com as notas baixas que eles tiveram. Por quê? Porque no Seminário deles, todos eles tinham se dado 10. E agora tiraram 3, 4, 1, 2 –  teve gente que quase tirou zero. Ficaram brabos com o Jorn. Flávio Dutra, com o IBOPE; e o IBOPE fez um serviço de utilidade pública, meus amigos. Tem muita coisa aqui que espelha exatamente a realidade dos fatos. Isso aqui é um roteiro para um governo que deveria ficar agradecido com isso. O mais interessante desta pesquisa é que aqueles que tiraram nota alta consideram a pesquisa altamente válida, o método científico e os resultados são absolutamente verdadeiros. Aqueles que não tiraram uma nota boa, dizem exatamente o contrário: a pesquisa não foi feita com ciência, ela é mentirosa e assim por diante. Bem, fique claro, meus amigos, que a Administração Alceu Collares recebeu nota 4,68, ou seja, se a média 5 é uma média baixinha, porque em qualquer universidade a média é 6,  4,68 já era reprovação. Eu venho aqui em nome do PMDB trazer a minha contribuição à Administração do PDT. Em primeiro lugar cumprimentar o IBOPE e o Jorn. Flávio Dutra por esta reportagem. Em segundo lugar, dar um conselho ao PDT. O Prefeito. Alceu Collares tem, agora, uma radiografia para modificar o seu secretariado, Ver. Kenny Braga, para modificar alguns diretores de departamentos, porque aqui está provado que há algumas coisas que não estão funcionando. Eu poderia, Ver. Kenny Braga, ficar muito feliz com isso aqui, mas estou querendo o bem da Cidade, até estou querendo que neste ano eleitoral o Prefeito Alceu Collares melhore a imagem dele, por isso, trago um conselho ao PDT, em nome do meu Partido: verifique essa pesquisa e troque, urgentemente, alguns Secretários. E se fosse pelas notas, Vereador, eu até diria que deveria trocar a Secretária de Educação, mas eu não falaria isso, porque acho que nesse setor de educação a nota não correspondeu à realidade, mas alguns Secretários, Ver. Kenny Braga, precisam urgentemente ser trocados.

Era esta a contribuição que, nesta manhã gloriosa, eu trago ao Partido do Governo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. Com a palavra, o Ver. Kenny Braga. V. Exa. tem 5 minutos, sem apartes.

 

O SR. KENNY BRAGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É obvio que o Líder da Bancada do PMDB não fez uma interpretação séria da pesquisa. Fez uma tentativa desesperada de fazer média com a RBS e com o jornalista que assina o trabalho. Talvez ele consiga, para redimir-se de alguns problemas que no passado teve com a imprensa. Este é objetivo da interpretação dada pelo Ver. Flávio Coulon à pesquisa. Nós temos um profundo respeito pelos meios de comunicação e nem poderia ser diferente, porque somos profissionais do jornalismo há mais de 20 anos, mas nem tudo o que se escreve na imprensa corresponde fielmente à verdade dos acontecimentos.

Tivemos, em outros Estados brasileiros, fatos claríssimos, notórios, que desmentiam o que se publicava na imprensa. Não estou dizendo que esta pesquisa não reflete parte da realidade social de Porto Alegre, ela reflete. Quero informar ao Líder da Bancada do PMDB que o Sr. Prefeito Alceu Collares não é mágico. O Sr. Prefeito Alceu Collares herdou uma situação verdadeiramente catastrófica em Porto Alegre, herdou problemas que se acumulam em 20 anos de administração catastrófica, administração lesiva aos interesses do Município. E a administração do PDT não pode resolver em um passe de mágica todos os problemas desta Cidade em dois anos de administração. Então, se tenta dessa tribuna fazer demagogia em cima de resultados que não expressam verdadeiramente a realidade dos acontecimentos. Eu tenho absoluta certeza, Ver. Flávio Coulon, que se fizesse hoje uma pesquisa em relação ao governo do Estado do Rio Grande do Sul o Sr. Pedro Simon que é um homem competente, um homem honesto, um homem sério receberia, certamente, uma nota muito inferior a que recebeu o Prefeito Alceu Collares de um modo geral nesta pesquisa, porque as demandas da sociedade porto-alegrense são infinitamente maiores do que os recursos que conta o Município para resolvê-las, para solucioná-las. E se um governo do PMDB, para a desgraça dessa Cidade, assumisse a Prefeitura, certamente, não faria nada do que a vocação demagógica de que o Líder do PMDB diz que faz aqui nesta Casa.

Em nome da Bancada do meu Partido eu tenho a dizer que a administração do PDT trabalha honestamente, seriamente e preocupada nas soluções dos problemas, mas os problemas de Porto Alegre são infinitos e não será a única administração que vai resolver a todos. Todos nós sabemos disso, só não sabe a ignorância vesga, a ignorância caolha, a ignorância ressentida que até hoje não aceitou a vitória do PDT em Porto Alegre. A vitória do PDT em Porto Alegre ocorreu há dois anos e no entanto continua atravessada na garganta de parlamentares que não interpretam fielmente a realidade mas querem, simplesmente, fazer demagogia aqui da tribuna. Nós sabemos que o PDT desenvolve em Porto Alegre um programa educativo revolucionário como não existe em nenhum Município do Brasil e os parlamentares de oposição não têm a dignidade de vir a esta tribuna e reconhecer que o programa educacional do PDT é bom. Isto não é fazer política, isto é fazer demagogia, é fazer derrotismo pelo derrotismo. Em várias áreas da administração, a administração trabalha seriamente, trabalha honestamente e com os recursos de que dispõe. Não se trata portanto de achar, de dizer, de pensar, que a Administração do PDT vai resolver todos os problemas de Porto Alegre. Não vai resolver como também a Administração do PMDB não vai resolver todos os problemas do Rio Grande do Sul. Mas política é isso e o político deve ter grandeza para reconhecer os acertos do adversário, deve ter grandeza para vir à tribuna e dizer quando o adversário está acertando e deve ter a coragem também, Ver. Flávio Coulon, de dizer quando o adversário está errado. É provável que não tenhamos feito tudo por Porto Alegre, é provável que em muitos setores da administração ainda não estejam de acordo com o que quer e o que pretende a maioria da população de Porto Alegre, mas há em favor desta administração, inegavelmente, um saldo altamente positivo de realizações e este saldo positivo de realizações não será tirado por um discurso demagógico eleitoreiro, barato, inconseqüente, feito aqui nesta tribuna. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, em tempo de Liderança, com o PFL, a palavra com o Ver. Raul Casa.

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Pode se constatar a sensibilidade de que estão possuídos os integrantes tanto da Bancada do PMDB quanto do PDT com relação à pesquisa sobre a administração local que tem a frente o Sr. Alceu Collares. Embora não se negue o esforço de S. Exa., e não tem faltado ao PFL o espírito público para se somar à Bancada majoritária desta Casa, vejo que os dados são aproveitados de forma se ajustarem a seus pontos de vista. O PFL, como sempre, fiel de balança e verdadeiramente quem decide, a tudo observa, na certeza de que quando se pronunciar e quando se decidir o fará, sem dúvida nenhuma, de forma a resolver o problema.

Mas o principal motivo que me traz a esta tribuna é alertar as autoridades municipais para a semelhança que pode haver entre a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, cujas cenas chocantes e traumáticas sensibilizaram a população brasileira, e algumas situações localizadas muito semelhante em nossa capital. Que a tragédia do Rio de Janeiro nos sirva de alerta, de advertência e de uma tomada de posições para que não se permita que ao redor dos morros que circundam nossa capital se criem condições para a repetição de uma tragédia como a do Rio de Janeiro em nossa capital. Aí está o Morro da Polícia sendo escalado com a erosão já a tomar conta do seu topo, a nos chamar atenção para a gravidade daquele ponto muito sensível. Tenho certeza de que o Sr. Prefeito Municipal já está a tomar providência, alertado pela tragédia do Rio de Janeiro, no sentido de evitar que se criem, em nossa capital, condições semelhantes às que ocorreram no Rio de Janeiro e impedir, através de um mutirão habitacional, que se localizem e se estabeleçam, em nossos morros, favelas; é um imperativo para a administração municipal. S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal, se já não o fez que procure, através dos órgãos próprios do Executivo, levantar os pontos de estrangulamento semelhantes às que originaram a tragédia do Rio de Janeiro em nossa Capital. Só assim estaremos evitando que possamos lamentar aquilo que ocorreu no Rio de Janeiro e que a todos nós comove. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PL. Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar meus cumprimentos a Deoclécio Galiberti, o grande administrador, que nos visita, homem público por quem tenho a maior estima.

Mas, Srs. Vereadores, estive fora do nosso Estado por alguns dias e lá de longe, acompanhando as escaramuças sobre as emancipações do nosso Estado, vejo que Belém Novo continua firme no rumo da emancipação. Como único Vereador desta Casa a defender o direito da população, de seguir o seu destino, continuo firme defendendo a mesma posição. Só estranho que os Vereadores, agora, não tenham-se voltado com tanta ênfase contra as emancipações de Belém Novo. Onde estão os 32 Vereadores da Casa que foram ao Governador, que fizeram aquela onda toda contra Humaitá? Não vão fazer o mesmo contra Belém Novo? Não vão se insurgir contra o plebiscito anunciado? Vão calar diante da decisão do Tribunal Eleitoral para que haja o plebiscito?

Pois permaneço numa posição coerente, tranqüila, e acho, como democrata, que é a posição mais correta. Respeito a decisão da população. Respeito a decisão e espero que essa decisão livre, soberana, tranqüila seja a melhor possível para Belém Novo. Eu só citaria um fato que me parece importante, Belém Novo não deveria ser emancipado apenas como Belém Novo, deveria ter incluído, além da Restinga, a Lomba do Pinheiro, que daria um Município que teria condições excepcionais de prosperar, porque aquela Região, dotada de um distrito industrial, coisa que Porto Alegre, infelizmente e vergonhosamente, não possui, teria todas as possibilidades de levar para aquela área indústrias até mesmo de Porto Alegre que estão sendo expulsas de Porto Alegre pelos nossos ecólogos, defensores da antipoluição e etc., porque esquece essa gente que a pior poluição que existe é o desemprego, a fome e a miséria e ficam a defender a retirada de indústrias que nos dariam emprego, produção, impostos.

Por isto é que, nesta manhã, eu gostaria de ouvir os arautos do Vereadores desta Casa que são contra emancipações a respeito de Belém Novo ou será que Belém Novo não merece a atenção que Humaitá mereceu naquela oportunidade? Foi dito que iriam até às últimas conseqüências para impedir – vejam bem! – não a emancipação, o direito da população de decidir sobre os seus destinos! Esta que é a verdade! Não é a emancipação, nem entra em jogo, isso é uma segunda etapa. Agora o direito de decidir, eu acho que nós devemos respeitar o direito da população, porque senão como é que vamos chegar nos bairros e buscar o voto da população para nós mesmos quando nós impedimos que ela vote em seu favor? Se a Administração Municipal merece essa crítica pública de um bairro inteiro, nós devemos ouvir a população porque isso acontece, só pode ser pela falta de atenção, pelo desleixo, pela falta de defesa da área e, acima de tudo, estas manifestações populares devem ser respeitadas como legítimas, puras, tranqüilas. E assim como eu fiquei que sozinho em defesa do direito da população de decidir sobre o destino de Humaitá, vale, também para Belém Novo. Só quero saber onde estão os Vereadores que são contra as emancipações. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS. Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu só quero aproveitar o tempo para fazer um registro “sui generis” na tribuna da Casa. Faço, porque acho que é minha obrigação.

Eu queria elogiar uma empresa cujos diretores eu não conheço, não sei quem são, não tenho a menor vinculação, mas, diante do desrespeito que existe ao consumidor, neste País, em que nos vendem novecentos gramas como se um quilo fosse; em que nos vendem determinado material como se fosse de primeira qualidade e de segunda na verdade o é; em que o consumidor ao invés de ser ele que faz o favor ao comprar é o inverso; quando ocorre a realidade, isto é, quando o consumidor é bem tratado, não deveria haver necessidade de se fazer o registro, porque isto seria o normal. Mas as coisas no País estão tão invertidas, tão desvirtuadas que o óbvio tende a ser diferente. Eu quero me referir a Empresa Termolar que, há dois ou três anos atrás, comprei um equipamento, uma garrafa grande, e agora, no verão, quando saí para acampar, o equipamento não funcionou. Telefonei para a fábrica e não citei o meu nome, é bom que saibam – expliquei o problema e a pessoa que me atendeu me disse o seguinte: o senhor traga aqui e nós vamos ver o que houve. Quando cheguei lá, a pessoa na assistência técnica que me atendeu disse que faltava uma pequena peça, buscou a peça, perguntei o preço da peça ele disse: isso é uma cortesia da casa para que o senhor bem use este material; agradeci, fui embora, não me perguntaram o meu nome, não dei, não sabem quem sou, e sai dali pensando que bom seria se todas as empresas fossem assim. Porque, lamentavelmente, nesta questão de assistência técnica o porto–alegrense vive entregue às moscas. Chama-se determinada firma para arrumar o nosso fogão, arrumar a nossa geladeira, vai lá o técnico, cobra um dinheirão na maioria das vezes, muitas vezes faz serviços que não precisam serem feitos, cobram caro, e o pobre do consumidor vá meter a mão no bolso e a tirar. De formas que quando acontece um episódio destes, eu acho que é de bom alvitre que se faça este registro, esperando que este exemplo da Termolar – que acho que é comum porque fez a um cidadão de Porto Alegre – se espalhe por todas as empresas da Cidade, e o consumidor volte a ser tratado de forma que ele merece.

Como o tempo é curto, Sr. Presidente, não posso deixar de terminar sem fazer uma leve alusão a dois terços do pronunciamento do Ver. Kenny Braga que ouvi, porque um terço não pude ouvir. É impressionante como as pessoas – e o Ver. Jorge Goularte, vou citar o nome porque foi o verdadeiro pai da criança, acho que neste País agora está se usando inseminação artificial, porque, ainda, tudo que acontece de ruim nos governos é culpa do PDS. Quer dizer, pegaram o sêmen do PDS, de 2, 3, 4, 5 anos atrás e estão inoculando nas atuais administrações, engravidando-as e geram essas más administrações que o povo dá más notas, que o povo não gosta, e a culpa é do PDS. Então só posso realmente concordar com o que me dizia o Ver. Jorge Goularte na tribuna, ali. É uma questão de inseminação artificial. Guardaram o sêmen nosso para engravidar as atuais administrações, porque tudo é o PDS o culpado.

Há uma mentira nesta Casa, que eu até confesso que para não levantar polêmica não queria trazer, é de que a atual administração recebeu a cidade sem recursos. É mentira. Tenho lá no gabinete Pedidos de Informação que fiz ao Sr. Prefeito sobre os recursos à disposição da Prefeitura no dia 1º de janeiro quando ele assumiu. Não é verdade, Sr. Presidente e V. Exa. sabe disso, V. Exa. foi Secretário do Planejamento e é um homem sério que não troca a verdade pelo aplauso. V.Exa. sabe que, dizer que esta Cidade não tem recebido projetos, isto não é verdade. O Ver. Kenny Braga talvez não saiba, mas não é verdade. Só para ilustrar a cabecinha magnânima do Vereador - pois tudo que é do PDT é bom e o resto é ruim o que é um mal esta separação entre o bem e o mal -, esse projeto Praia do Guaíba, os técnicos da Prefeitura há 20 anos vêm trabalhando nele com outras soluções, com técnicos do Município, dentro do Município, sem pagar honorários para arquitetos de fora do Município, talvez esses projetos não interessassem e acho que é um direito que o PDT tem de pegar outro arquiteto de fora e pagar honorários para que ele faça outro projeto não igual, mas à semelhança do que já existe na Prefeitura. Se continuar essa idéia de que não havia projetos a serem recebidos pela administração que sucedeu ao Prefeito João Dib, vou me dar ao trabalho e trazer a relação, que é bastante extensa, dos projetos que foram deixados para administração. Não se fez projeto de ampliar o pagamento de gratificação a servidores pelo artigo 111. Nós pagávamos a 35-40 e o máximo que pagávamos era um salário mínimo. Hoje se paga a 400 e se chega a 10 salários mínimos. Mas é uma questão do PDT. É claro que deixamos projetos, como por exemplo, o Projeto Realidade que o servidor público municipal recebia como básico 1,52/1,55 de salário base. O PDT não gostando disso, baixou. Quanto às notas tão baixas que o povo deu à administração socialista da Cidade, a culpa não foi minha. Devo dizer a V. Exa. que eu não fui chamado a opinar ali, se fosse eu seria magnânimo, eu teria dado uma nota um pouquinho acima da média, porque está baixa a média, aquilo ali está uma verdadeira baixaria, aquela média. Eu que sou do PDS, Ver. Kenny Braga, teria dado uma nota um pouquinho acima da média, mas, lamentavelmente, não fui chamado a opinar. A pesquisa que a “Zero Hora” fez não me perguntou. Não sei se ela só perguntou aos membros do PDS, até vou consultar o diretório regional se ele foi ouvido, mas tenho a impressão que não.

Acho que isso é efetivamente o que o povo da Cidade pensa e não culpe V. Exa. o PDS pelo que o povo da Cidade pensa, seria pretensão demais da minha parte imaginar de que tudo que o povo da Cidade pensa é o que o PDS pensa. Eu posso ter esta esperança, mas não tenho esta pretensão. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Suspendo a presente Sessão e convido aos Srs. Vereadores para receberem duas Comissões que se encontram na Casa e que previamente haviam marcado para aqui estarem.

Daqui a dez minutos reabriremos os trabalhos. Nomino as comissões para fins didáticos para Anais da Casa: uma é referente à Associação do Moradores da Nova Humaitá e outra é referente aos moradores da Rua Aracaju.

 

(Suspende-se Sessão às 10h40min, nos termos do art. 84, II, do Regimento Interno.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aranha Filho - às 12h06min): Estão reabertos os trabalhos.

Não há “quorum” Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levantam-se a Sessão às 12h07min.)

 

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